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Rússia dispara míssil balístico intercontinental contra Ucrânia pela 1ª vez na guerra, diz Exército ucraniano

O míssil intercontinental russo, uma arma poderosa e de longo alcance, atacou a cidade de Dnipro, a 1 mil km de onde foi lançado, segundo os militares ucranianos. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, citou 'novo míssil russo'.

Publicada em 21/11/2024 às 11:19h - 1052 visualizações

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Rússia dispara míssil balístico intercontinental contra Ucrânia pela 1ª vez na guerra, diz Exército ucraniano

A Rússia lançou um míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia nesta quinta-feira (21), informou a Força Aérea ucraniana. Esta foi a primeira vez que a Rússia utilizou um míssil tão poderoso, de capacidade nuclear e de longo alcance na guerra, iniciada em 2022.

Segundo os militares ucranianos, o míssil intercontinental foi lançado da região de Astrakhan, no sul da Rússia, em ataque a Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, na manhã desta quinta. As duas cidades são separadas por 1 mil km.

O ataque russo teve como alvo empresas e infraestrutura crítica na cidade, segundo a Força Aérea ucraniana. O governador regional, Serhiy Lysak, afirmou que o ataque de mísseis russo danificou uma instalação industrial e provocou incêndios em Dnipro. Duas pessoas ficaram feridas.

Um míssil balístico intercontinental é lançado a partir da terra, pode ser equipado com ogivas nucleares e, como o próprio nome indica, é projetado para viajar longas distâncias, superiores a 5.600 km. Segundo a enciclopédia Britannica, apenas os Estados Unidos, Rússia e China possuem esse tipo de mísseis.

Uma fonte da Força Aérea ucraniana afirmou à agência de notícias AFP que o míssil lançado pela Rússia não transportava uma ogiva nuclear.

O presidente Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chamou Vladimir Putin de "maluco" e afirmou que o presidente russo desdenha da vida humana.

"Hoje, nosso insano vizinho mais uma vez revelou sua verdadeira natureza: seu desdém pela dignidade, pela liberdade e pela própria vida humana. (...) Hoje, foi um novo míssil russo. Sua velocidade e altitude sugerem capacidades balísticas intercontinentais. As investigações estão em andamento", afirmou Zelensky.

O uso do míssil intercontinental pelos russos ocorre após a Ucrânia ter usado mísseis dos Estados Unidos e do Reino Unido para atingir alvos dentro da Rússia nesta semana, algo que Moscou havia alertado repetidamente que seria considerado uma escalada significativa. Os mísseis ATACMS e Storm Shadow, que os ucranianos foram autorizados a utilizar, têm alcances de no máximo 300 km.

A Rússia também lançou um míssil hipersônico Kinzhal e sete mísseis de cruzeiro Kh-101, dos quais seis foram derrubados pelas defesas aéreas, informou o Exército ucraniano.

A Rússia não se pronunciou sobre o lançamento do míssil até a última atualização desta reportagem. Perguntado se o lançamento aconteceu, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou não ter nada a dizer sobre o assunto.

'Totalmente sem precedentes'

Andrey Baklitskiy, um pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa para Desarmamento da ONU, demonstrou surpresa com o lançamento do míssil intercontinental pelos russos.

"Se for verdade, isso será totalmente sem precedentes e o primeiro uso militar real de um ICBM [míssil balístico intercontinental]. Não que faça muito sentido, dado seu preço e precisão", afirmou Baklitskiy.

A Defense Express, uma consultoria de defesa ucraniana, questionou se os Estados Unidos, principal aliado internacional da Ucrânia, haviam sido informados sobre o lançamento do míssil com antecedência.

"Também é uma questão se os Estados Unidos foram avisados sobre o lançamento e sua direção, pois o anúncio de tais lançamentos é um pré-requisito para evitar a ativação de um sistema de alerta de mísseis e o lançamento de mísseis em resposta", escreveu a Defense Express.

O especialista em segurança alemão Ulrich Kuehn postou: "Parece que a Rússia usou hoje pela primeira vez na história um míssil balístico intercontinental em uma guerra, contra o alvo civil Dnipro"

Dimensão internacional e acirramento das tensões

Nas últimas semanas, a guerra na Ucrânia chegou ao seu 1.000º dia, e o conflito assumiu uma dimensão internacional, com acirramento de tensões.

Isso ocorre por conta da chegada de tropas norte-coreanas para ajudar a Rússia no campo de batalha. Segundo os EUA, esse novo movimento motivou a mudança de política de Biden em mísseis de longo alcance, o que irritou o Kremlin.

Como resposta, na terça-feira (19) o presidente russo, Vladimir Putin, flexibilizou os parâmetros para o uso de seu arsenal nuclear. Agora será aplicada uma nova doutrina, que permite uma potencial resposta nuclear de Moscou até mesmo a um ataque convencional contra a Rússia por qualquer nação apoiada por uma potência nuclear. Isso poderia incluir ataques ucranianos, que são apoiados pelos EUA.

Nos últimos dias, a Ucrânia atacou o território russo com mísseis de longo alcance americanos e britânicos. Um porta-voz do Estado-Maior Geral da Ucrânia afirmou não ter informações, e a Rússia não confirmou imediatamente os ataques. A extensão dos danos causados não foi esclarecida.

Após os ataques ucranianos, o país ficou em alerta máximo para um "ataque massivo" russo nesta quarta (20), o que causou o fechamento de embaixadas dos EUA e de países europeus por precaução. O bombardeio de tamanha magnitude não aconteceu, e foi denunciado pela Ucrânia como um "ataque psicológico" -- com isso, as embaixadas foram reabertas nesta quinta.

Trump declarou que irá encerrar a guerra, sem especificar como, e criticou os bilhões de dólares em ajuda à Ucrânia durante o governo Biden. Ambos os lados acreditam que Trump provavelmente buscará negociações de paz — algo que não ocorre desde os primeiros meses do conflito — e estão tentando fortalecer suas posições antes de eventuais negociações.

A Rússia afirmou diversas vezes que o uso de armas ocidentais para atingir seu território longe da fronteira seria uma escalada significativa no conflito. A Ucrânia afirma que precisa dessa capacidade de mísseis para se defender, atacando bases na retaguarda usadas pelas tropas russas na guerra.

FONTE - G1




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